sexta-feira, 6 de outubro de 2023

LÍDERES E LIDERADOS NO DESERTO

Já alguma vez notou que, ANTES que Deus fizesse passar o Seu povo de Israel pelo deserto, "por quarenta anos" (Hebreus 3:9; ARC; cf: Números 14:26-35 e Salmos 95:7-11), Deus preparou um líder humano, na ocorrência, Moisés, fazendo com que este estivesse, igualmente, quarenta anos, no deserto (ver: Atos 7:29-30)?
Não é interessante que Moisés tenha estado exatamente o MESMO número de anos, no deserto, que o seu próprio povo teria de estar?
Que lição podemos retirar deste FACTO HISTÓRICO?
Não parece claro que Deus quis treinar um homem para este estar capacitado para, depois, guiar o Seu povo através dessa mesma travessia pelo deserto?

A mesma experiência no deserto foi vivida por outros importantes líderes do povo de Deus, e mesmo pelo povo como um todo:

● O profeta Elias, que viveu no século IX a.C., num período de grande apostasia do reino do norte (Israel). Elias foi perseguido pelo rei Acab/Acabe e fugiu para o "ribeiro de Carith" (1 Reis 17:3 e 5; ARC) ou "torrente de Querite" (ARA), que é um rio que alguns estudiosos acreditam que ficava na região a nordeste de Jericó, e que desagua no rio Jordão, perto do Mar Morto.

● João Batista, "um profeta ... e muito mais do que profeta" (Mateus 11:9; ARC), que pregou o arrependimento e o batismo. João Batista viveu "no deserto da Judeia" (Mateus 3:1; ARC), onde pregou a vinda do Messias (ver: Mateus 3:1-12).

● O próprio Senhor Jesus Cristo, que passou 40 dias no deserto, onde foi tentado pelo diabo (ver: Mateus 4:1-11 e Lucas 4:1-13), antes de iniciar o Seu ministério público na Galileia (ver: Mateus 4:12-17 e Lucas 4:14-15).

● O grande apóstolo Paulo que, ANTES de iniciar o seu ministério apostólico "diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel" (Atos 9:15; ARC), passou "três anos" (Gálatas 1:18) nas "regiões da Arábia" (Gálatas 1:17; ARA), que eram, e são, regiões desérticas.

● A própria "Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade" (1 Timóteo 3:15; ARA), que é constituída pelo povo líder do mundo (ver: Deuteronómio 28:1 e 13) passou "um tempo, e tempos, e metade de um tempo", a saber, "mil duzentos e sessenta dias", no "deserto" (ver: Apocalipse 12:14 e 6).

Com todos estes exemplos, porventura dar-se-á o caso de querer chegar a Canaã ou estar preparado para lá chegar... sem passar pelo deserto? Então... pense outra vez!

A grande questão é esta: QUAL É O PROPÓSITO DE DEUS em permitir que o Seu povo e, por vezes, alguns dos líderes do Seu povo, passem pela experiência do deserto?

Eis o que a pena inspirada nos revela a respeito da experiência de Moisés no deserto de Midian:

"Ao matar o egípcio, Moisés tinha caído no mesmo erro tantas vezes cometido pelos seus pais. O erro de tomar nas suas próprias mãos a obra que Deus tinha prometido realizar. Não era vontade de Deus libertar o Seu povo pela guerra, como Moisés pensava, mas pelo Seu próprio grande poder, para que a glória Lhe fosse atribuída apenas a Ele. Todavia, mesmo sendo um ato precipitado, foi aproveitado por Deus para cumprir os Seus propósitos. MOISÉS NÃO ESTAVA PREPARADO PARA A SUA GRANDE OBRA. Tinha ainda que aprender a mesma lição de fé que tinha sido ensinada a Abraão e Jacó — não confiar na força, nem na sabedoria humanas para o cumprimento das promessas de Deus, mas no Seu poder. E havia outras lições que, na solidão das montanhas, Moisés devia receber. Na escola da abnegação e dificuldades, DEVIA APRENDER A PACIÊNCIA, PARA MODERAR AS SUAS PAIXÕES. Antes de poder governar sabiamente, devia ser ensinado a obedecer. O SEU PRÓPRIO CORAÇÃO DEVIA ESTAR EM COMPLETA HARMONIA COM DEUS, antes de poder transmitir o conhecimento da Sua vontade para Israel. PELA SUA PRÓPRIA EXPERIÊNCIA, DEVIA ESTAR PREPARADO PARA EXERCER UM CUIDADO PATERNAL SOBRE TODOS OS QUE NECESSITAVAM DO SEU AUXÍLIO.

O homem teria dispensado aquele longo período de labuta e obscuridade, julgando-o uma grande perda de tempo. MAS A SABEDORIA INFINITA CHAMOU AQUELE QUE SE TORNARIA O DIRIGENTE DO SEU POVO, PARA PASSAR QUARENTA ANOS NO HUMILDE TRABALHO DE PASTOR. Os hábitos de se esquecer de si mesmo, para cuidar do seu rebanho com terna preocupação, desenvolvidos dessa forma, prepará-lo-iam para se tornar no bondoso e paciente pastor de Israel. Nada do que o ensino ou a cultura humana pudessem conceder, poderia ser um substituto para esta experiência.

Moisés tinha estado a aprender muita coisa que tinha de desaprender. As influências que o tinham cercado no Egito — o amor da sua mãe adotiva, a sua própria posição elevada como neto do rei, a devassidão por todos os lados, o requinte, a subtileza e o misticismo de uma religião falsa, o esplendor de um culto idólatra, a solene grandiosidade da arquitetura e da escultura — tudo tinha deixado profundas influências na sua mente em desenvolvimento, e moldara, até certo ponto, os seus hábitos e o seu caráter. O tempo, a mudança de ambiente e a comunhão com Deus podiam remover estas influências. ABANDONAR O ERRO E ACEITAR A VERDADE REQUERIA, DA PARTE DO PRÓPRIO MOISÉS, UMA LUTA TREMENDA; MAS DEUS SERIA O SEU AUXILIADOR, QUANDO O CONFLITO FOSSE DEMASIADO SEVERO PARA A FORÇA HUMANA.
" (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, págs. 214 e 215 da edição da Publicadora SerVir e pág. 173 da edição online; minha ênfase em maiúsculas)

Por acaso revê-se na experiência de Moisés? Olhe o que a experiência de Moisés ensina A TODOS NÓS:

"Em todos os que têm sido escolhidos para cumprir uma obra para Deus, vê-se o elemento humano. Todavia, Deus não chamou homens de hábitos e caráter estereotipados, que se sentiam satisfeitos em permanecer naquela condição. Fervorosamente desejavam obter sabedoria de Deus, e aprender a trabalhar para Ele. Diz o apóstolo: “Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.” Tiago 1:5. Deus, porém, não comunicará aos homens luz divina, enquanto estiverem satisfeitos em permanecer nas trevas. Para poder receber o auxílio de Deus, o homem deve compenetrar-se da sua fraqueza e deficiência; deve envolver o seu próprio espírito na grande mudança que em si deve ser operada; deve despertar para a oração e esforço fervorosos e perseverantes. Hábitos e práticas erradas devem ser repelidos; E É APENAS PELO ESFORÇO DECIDIDO NO SENTIDO DE CORRIGIR TAIS ERROS, E POR NOS ADAPTARMOS AOS PRINCÍPIOS RETOS, QUE A VITÓRIA PODE SER GANHA. Muitos nunca atingem a posição que poderiam ocupar, porque esperam que Deus faça por eles aquilo que Ele lhes deu capacidade para fazerem por si mesmos. TODOS OS QUE DECIDEM SER ÚTEIS DEVEM SER TREINADOS PELA MAIS SEVERA DISCIPLINA MENTAL E MORAL; E DEUS OS AJUDARÁ, UNINDO O PODER DIVINO AO ESFORÇO HUMANO." (Idem, págs. 215 e 216 da edição da Publicadora SerVir e pág. 173 da edição online; minha ênfase em maiúsculas).

Fonte: Net